Bezerros, gatos e a intolerância religiosa no BBB

A 19° edição do Big Brother Brasil antes mesmo de sua estreia já saiu com todos os recordes de confusões, teve participante eliminado antes de entrar no programa, participante acusado de agressão física a uma ex-namorada (quando saiu para prestar depoimento se declarou inocente das acusações) e  participante estilo menino do Rio com seus twitters racistas sobre cotas e negros, foi justamente o mesmo brother que dentro da casa teve um breve romance com Hanna a mulher mais feminista que já passou por todas as edições do BBB (vai entender). 

Mas nada chocou mais o publico do que a participação recorde de QUATRO brothers pretos empoderados, pois com exceção das cotas em outras edições, a supremacia no BBB sempre foi branca.
Rodrigo, Rizia, Gabi e Darley não somente fazem enfeite com seus rostinhos e corpos bonitos, mas também sabem se posicionar e apontar o que é certo e errado nas falas racistas dos coleguinhas brancos.



Gabi apontada aqui fora como (a negra extremista) ganhou a antipatia gratuita dos mimizentos de plantão, a mesma galera que não tira o vitimismo do teclado e na maioria das vezes são omissos em casos de racismo. A hostilidade do público não é somente por que a designer gráfica Gabriela Hebling é negra, lésbica e do candomblé, mas também por que se expressa brilhantemente em seu lugar de fala. Pontuando calmamente pequenos e grandes erros da "gramática" portuguesa, recebeu aqui fora e dentro da casa uma enxurrada de criticas. Realmente deve ser estranho para essa galera acostumada a ver os negros passivos de sua novela favorita, agora ter que assistir uma mulher preta falando de igual para igual com meninas loiras privilegiadas pela cor de sua pele.

Rodrigo França o mais sensato, sensível e com a melhor energia da casa é o cara que sempre consola os desesperados e desequilibrados emocionalmente para ganhar um milhão, mas mesmo sendo um cara do bem, também recebe o ódio e a intolerância da parte conservadora de dentro e de fora da casa. O brother formado em ciências sociais com especialização em direitos humanos sabe se posicionar sobre temas polêmicos sem perder a ternura e o charme.
Assim como Gabi também é considerado extremista e recebe os esteriótipos do negro gay candomblecista que adora palestrar. Rodrigo elegantemente aponta o racismo em rede nacional deixando os Brothers da casa constrangidos pois (afinal lá dentro não existe nenhum racista para ser ensinado).


Muito antes da feijoada light da diretora da Vogue Brasil um participante movimenta o jogo com frases racistas, preconceituosas e intolerantes.
Maycon o cawboy desequilibrado emocionalmente, apoiado por duas virgens Marias, tem a síndrome do cristão perseguido, acusou Rodrigo e Gabi por serem os negros do candomblé que praticam feitiçaria pesadaaaaaaaaa contra ele. Segundo o pobre rapaz, ele se sentiu ameaçado por forças ocultas quando os participantes estavam escutando a musica “Identidade” de Jorge Aragão, agora a canção passou a ser classificada como a  musica mais temida do Brasil, tirando o posto da Rainha Xuxa com seu disco escutado de trás para frente.




Ainda segundo ele, Gabriela uma das fumantes da casa, fuma demais, pois seu fumo é energia para esse lance de “magia negra”. Também já declarou que os dois participantes jogaram um feitiço nele, mas como seu deus é maior o “trem” pegou em sua ex-ficante que passou uma semana com uma gripe mortal.
Os participantes, Maycon e Paula além de uma série de falas preconceituosas se mostram abertamente racistas e intolerantes contra as religiões de matriz africana.
Ninguém contou ao menino cawboy ou ele nunca procurou saber que:

ü   O Brasil é o país onde crianças do candomblé são apedrejadas por manifestar sua fé na rua.
ü   Terreiros de candomblé sofrem de vandalismo e da ignorância dos conservadores religiosos.
ü   Cada ano o Brasil cresce no ranking mundial de intolerância religiosa e as religiões de matriz africana são as mais discriminadas.
ü   O candomblé além de um espaço religioso é também um espaço de resistência e de valorização da cultura negra.
ü  O artigo 5º da nossa Constituição atual prevê que “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”.

Mas ainda na prática sabemos que a história aqui é bem diferente dos direitos assegurados na Constituição, em um país onde os Bandeirantes são heróis e os Jesuítas salvaram os índios da escravidão, ainda são manifestadas muitas faces de intolerância e do ódio contra as religiões de matriz africana, por meio de agressões físicas, xingamentos, depredações, destruições de imagens, tentativas de homicídio e incêndios criminosos em locais sagrados, a intolerância e o racismo religioso comprovam uma perseguição histórica a tudo que vem do povo preto.

Mesmo quando o cowboy for eliminado (que assim, seja amém) ao ser confrontado por seu comportamento errado, secretamente não vai ver nada demais em suas declarações, mas  vai fazer a linha do santificado para ter o perdão e a compreensão do público que o acusou.
Maycon provavelmente cresceu em um ambiente que fomenta todos os esteriótipos do negro, mas isso não o isenta de suas ações, pois o rapaz já é crescidinho e está com todas suas vacinas em dia.
Inacreditavelmente ainda tem uma galera cara pálida, passando vergonha nas redes sociais ao defender o pobre rapaz do interior, pois Maycon ao se sentir perseguido apelou para sua superioridade branca e citou Jesus Cristo (se tivesse dito que estava em cima de uma goiabeira talvez o relato seria fidedigno).
Alguns internautas sem nenhum senso de interpretação dos fatos, novamente alegam não haver nada demais nas atitudes e falas de Maycon e Paula e que todos tem o direito a opiniões diferentes (só faltam dizer que nós que somos mal resolvidos com nosso passado).


Desprezando provas de imagens e sons, ainda culpabilizam Rodrigo e Gabi por seus posicionamentos, pois afinal eles assistem ao programa para entretenimento para a família brasileira e não para ter lições sobre racismo estrutural (depois somos nós os desprovidos do raciocínio logico).
Mais só um recado para a galera que apoia esses participantes, não sinto nada em dizer, mais vocês que não viram nada de errado nas falas deles, vocês  também são racistas, pois apoiam e fogem do debate ao não encarar a  realidade preconceituosa de seu país. Do NOSSO país.
Além de toda polêmica envolvendo o brother ele já declarou que se amarra em pegar animais no alto grau de zoofilia e a galera da Luísa Mel não gostou nadinha e já entrou com uma ação contra o cristão perseguido.
O engraçado que ao ler alguns comentários nas redes sociais sobre as atitudes do brother sobre os maus-tratos dos animais, muitos internautas desaprovam seu comportamento, mas em relação a intolerância o rapaz é isentado de seu racismo. Não percebem que são dois pesos e somente uma medida. 


Propositalmente por motivos claros, essa edição é especial, pois os participantes escolhidos refletem dois Brasis que fingem serem iguais, mas descaradamente aqui fora é segregado. Mas como isso pode influenciar tanto um reality show?
A resposta é clara como a pele de Maycon e Paula essa divisão de classes também  se reflete dentro da casa entre seus conflitos e votos.
Maycon, Paula, Hariany e Diego representam a parte branca do Brasil pós-escravista que não quer e nem faz questão de se colocar no lugar do outro (no caso do preto) ou aprender com o outro para construir uma sociedade menos racista e mais igual para todos. Infelizmente para eles o Brasil não é racista e suas falas não machucam e nem colocam a integridade de mulheres, crianças e homens pretos em risco. Seus corpos fazem partes da porcentagem branca brasileira, filhinho mimado que não larga a bandeira e não quer perder seus privilégios de pai, mãe e sociedade.  Mas mesmo assim quando são confrontados por seus privilégios, seus discursos meritocráticos estão na ponta da língua para defender suas posições na piramide social. Aprenderam em casa e na igreja desde cedo que todos são iguais, mas não sabem distinguir o por que tem menos alunos negros na sala deles da facul (racismo estrutural) ou por que não é certo dizer, negra bonita ao invés de mulher bonita (preconceito/esteriótipo/racismo) ou por que os adeptos do candomblé tem medo ao demonstrar seus fios de conta na rua, ao invés deles que desfilam com suas cruzes brilhante no peito (intolerância religiosa).
A relação do racismo no Brasil é tão cruel e tão desumana que os que se denominam “os não racistas da internet” pessoas bem intencionadas e livres de preconceitos, não se acham racistas, mas acham que os encrenqueiros ou mimizentos ou vitimistas como eles gostam de escrever, sempre será o outro. E o outro sempre é o negro. Não percebem ou não dão a minima para aprender que ao defenderem com ferro, grilhões e chicotes suas opiniões nas redes sociais distorcendo os fatos, estão apoiando e fomentando mais atitudes racistas e intolerantes.
Agora só falta dizer que somos nós que vemos capitão do mato no lugar da Princesa Isabel.


Protagonizado por loiras, olhos azuis e cawboys com sotaque arrastado, a turma do bem/mal é cheia de controversas preconceituosas, machistas, homofobias e racistas. Mulheres brancas querendo disputar o lugar de fala, homens brancos com medo de ”macumba” e machistas enrustidos declarando fechada/mente suas opiniões sobre mulheres bonitas, recatadas e do lar.
O mais surpreendente que as virgens Marias do pau oco são as favoritas para ganhar essa edição. As duas meninas loiras concordam com o participante racista e ainda comentam, opinam e carimbam em cima.
Mesmo sobre a moral e os bons costumes do novo/velho povo brasileiro, eu não consigo entender a preferência do público ao apoiarem quem maltrata os animais e quem propaga o racismo explicito,  Não tente enganar seus olhos e ouvidos, pois são muitos os vestígios como prova do crime.

  • Confissão gravadas em vídeo 
  • Áudio em boa qualidade
  • Reprodução dos fatos em diversas redes sociais 
  • Varias testemunhas espalhadas pelo Brasil
Amiguinhos contra fatos não há argumentos. 


Parafraseando meu querido Denzel Washington “Me explique como se eu tivesse seis anos de idade. Por que você não enxerga o racismo escancarrado no Big Brother Brasil?”.




Nota

A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância do Rio de Janeiro, órgão da Polícia Civil, informou, em nota, que está apurando as declarações dos participantes do “Big Brother Brasil 19’’ Maycon e Paula, apontadas como racistas e preconceituosas por parte dos telespectadores do reality: "Foi instaurado inquérito para apurar o ocorrido. As investigações estão sob sigilo".



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